Um grupo de 38 auditores, incluindo 16 coordenadores, aderiram à paralisação que já dura mais de 50 dias; Receita disse que não comentaria
Coluna do Estadão Por Roseann Kennedy
A extensão da greve dos auditores da Receita Federal ameaça, cada vez mais, a sustentabilidade dos planos fiscais do governo Lula neste início de ano. Nesta terça, 9, um grupo de 38 auditores, incluindo 16 coordenadores vinculados à Subsecretaria de Fiscalização da Receita aderiu à paralisação. Num abaixo-assinado, eles afirmam que a arrecadação federal e os objetivos institucionais estarão comprometidos enquanto o acordo firmado com o governo federal em 2016 for descumprido. A Receita disse que não comentaria.
“Demos diversos votos de confiança a outros ministros, secretários e presidentes. Agora o voto de confiança precisa ser dado aos auditores. Nós temos temos tempo para negociar, mas é bom lembrar: 2024 já começou”, alertou o presidente do Sindifisco Regional de Brasília, George Souza.
A categoria está em greve há mais de 50 dias e, no último dia 5, anunciou que manteria o movimento por rejeitar a proposta de pagamento de remuneração variável para este ano apresentada pelo Ministério da Fazenda. De acordo com o Sindifisco, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, mantiveram a mesma oferta que já tinha sido rejeitada por 95% da categoria.
O pedido pela regulamentação do bônus de produtividade é pleito antigo da categoria. “A lei é de 2016 e não foi implementada porque faltava regulamentação. Veio o decreto, mas não se separou recurso no Orçamento para 2024. O ministro Haddad já se pronunciou publicamente no sentido de dizer que se trata de lei, e você pode concordar ou discordar dela, mas deve ser cumprida”, disse em novembro Isac Falcão, presidente do Sindifisco Nacional, a entidade que representa os auditores fiscais da Receita Federal.