Acredita 
Brasília – As micro e pequenas empresas (MPEs) correspondem a 40% do total de companhias exportadoras do Brasil. No país, mais de 11,5 mil negócios atuam no mercado internacional, movimentando cerca de US$ 2,6 bilhões em vendas para o exterior.
Apesar dessa participação expressiva em número de empresas, o segmento representa apenas 0,8% do valor total exportado pelo Brasil. Para o especialista em comércio exterior e diretor da Tek Trade, Sandro Marin, o recém-lançado programa federal Acredita Exportação pode alterar esse panorama, aumentando a competitividade e o faturamento das MPEs. “A medida pode gerar um avanço de aproximadamente 6% nas exportações das micro e pequenas, além de incentivar a oferta internacional de produtos mais elaborados e com identidade brasileira”, afirma.
Em vigor desde 1º de agosto, o programa prevê a devolução de até 3% da receita obtida com exportações, por meio de compensação ou restituição direta dos tributos federais pagos ao longo da produção. Trata-se de um avanço especialmente relevante para empresas do Simples Nacional, que até então não tinham acesso à recuperação desses impostos. “Essa correção de distorções é um ganho significativo. Com a devolução, as MPEs passam a competir em condições mais equilibradas com empresas de maior porte”, avalia Marin.
Setores que devem se destacar
Segundo o especialista, ramos como móveis, calçados e vestuário tendem a serbeneficiados. Ele cita como exemplo as confecções de Santa Catarina, que já expandem presença internacional e poderão aproveitar o benefício fiscal para melhorar margens e aumentar volumes. “O estado abriga muitas empresas de moda com alto potencial criativo e produtivo, que já conquistam espaço em mercados como o argentino. Com o novo programa, será possível reinvestir os valores recuperados em inovação, marketing e expansão para outros destinos”, explica.
Além da recuperação de impostos, Marin reforça que as MPEs devem apostar em nichos diferenciados como estratégia para crescer no comércio exterior. “Para as micro e pequenas, exportar commodities não é o caminho mais vantajoso. O brasileiro é naturalmente criativo. Produtos com design, características regionais ou soluções inovadoras oferecem maior valor agregado e podem garantir mais rentabilidade, especialmente quando vendidos em moeda forte”, comenta.
O Acredita Exportação terá validade até 2027, quando entrará em vigor a nova Contribuição Social sobre Bens e Serviços (CBS), prevista na reforma tributária. A mudança eliminará a cumulatividade de impostos, um dos fatores que hoje encarece as exportações brasileiras.
