O plano ambicioso da PaneBras para levar o pãozinho brasileiro aos EUA

Empresa vai investir US$ 120 mi até final de 2026 em expansão para furar bolha do consumo da saudade e conquistar mercado de 340 milhões de pessoas.

Resiliência. É com essa palavra que o empresário Paulo Ferreira, CEO da PaneBras USA, apresenta seu empreendimento no vídeo institucional da companhia. Após alguns minutos de conversa com ele, no entanto, é fácil associar uma outra característica: determinação. Essas duas palavras ajudam a dar o tom do projeto ambicioso que prevê a construção de fábricas, centros de distribuição e outros investimentos para, no mínimo, duplicar o faturamento da empresa em três anos e fazer o gosto autêntico do pãozinho brasileiro cair nas graças dos públicos hispano e norte-americano.

“Todos os dias de manhã, ao acordar e fazer minhas orações, eu peço: Senhor, eu quero ganhar o mundo”, revela Ferreira, um piloto de aviação executiva aposentado, que há cerca de nove anos resolveu desbravar o mercado dos Estados Unidos. Sozinho, colocou mercadorias e equipamentos de suporte para conservação e preparo das massas no carro e foi oferecer a possíveis compradores. “Comecei pelo mais difícil, que era o congelado”, conta.

Logo de cara, sofreu o primeiro golpe. “Perdi dois contêineres de produto.” A derrota não o desanimou. Em vez disso, o fez corrigir o rumo e persistir no projeto. Quase uma década depois, são 20 contêineres por mês importados do Brasil e distribuídos para 30, dos 50 estados do país. Para Ferreira, no entanto, isso foi só o começo, e agora é a hora de fazer a PaneBras decolar para voos bem maiores.

Até o final de 2026, serão aportados em torno de US$ 120 milhões no projeto de expansão. O primeiro passo é a instalação de duas fábricas, destinadas aos dois produtos que são os carros-chefes da companhia na América do Norte: pão de queijo e pão francês. Elas devem custar em torno de US$ 75 milhões e serão construídas na região Central da Flórida, em alguma localidade próxima a Orlando.

“Estamos na fase de negociação com as prefeituras, analisando os possíveis incentivos fiscais, para encontrarmos o melhor local. Nosso objetivo é que a primeira fábrica comece a operar já em janeiro do ano que vem”, afirma Ferreira. Na fase inicial, a produção deve atingir 300 toneladas de pão de queijo por mês. O maquinário para a fabricação virá todo do Brasil.

A segunda planta, que deve entrar em operação na sequência e tem como foco o pão francês, será encarregada de produzir entre 400 e 500 toneladas por mês em sua primeira fase. Além dos dois produtos principais, a panificadora pretende também ampliar a participação dos outros itens de sua linha no mercado, incluindo baguetes, variados tipos de pães, como pão de batata, de abóbora e de mandioca, massas doces, bolos e salgados.

Somado ao investimento na produção, serão aportados mais US$ 15 milhões na expansão estrutural da empresa, com recursos destinados a câmaras frias e outros equipamentos de conservação e manutenção dos itens da linha.

 

Os Centros de Distribuição (CDs) da PaneBras serão ampliados. Aos CDs nos estados de Connecticut (na cidade de Vernon), Georgia (em Marietta) e Flórida (em Orlando), serão adicionados Texas, Illinois (em Chicago) e Califórnia.

Para além do mercado da saudade

O plano da panificadora possui ainda um elemento importante, que completa os investimentos: a propaganda para conquistar o público hispano e norte-americano. “Hoje estamos em 1 mil pontos de venda e nosso público é composto por 90% de brasileiros e apenas 10% de consumidores de outras nacionalidades. Veja, o público brasileiro nos EUA são 2 milhões de pessoas, no hispano temos 65 milhões e são mais de 340 milhões se adicionarmos aí os norte-americanos. É um mercado enorme que temos para ganhar”, explica Ferreira.

Uma agência de publicidade especializada foi contratada e já está trabalhando fortemente redes sociais e mídias como o YouTube, com peças de campanha dirigidas para os públicos hispano e norte-americano.

Paralelamente, a estratégia de ponto de venda promove degustações frequentes, priorizando sabores com os quais o público-alvo tem maior afinidade, como pães de yuca (mandioca), pães recheados com goiabada (muito familiar a diversos países latinos) e massas folhadas. “Os hispânicos e norte-americanos adoram pães, a diferença é que oferecemos o sabor do pão fresco e eles reagem muito bem”, revela o executivo.

“Queremos ser bem agressivos no mercado”, explica Ferreira, acrescentando que a empresa ainda dá todo o apoio para pequenos negócios viabilizarem as vendas da linha. Uma equipe de técnicos de alimentos ensina os cuidados que devem ser tomados com as massas, como temperatura para crescimento, por exemplo, e ainda dá dicas de receitas de pizzas e roscas, entre outras.

Para garantir a qualidade da panificação, equipamentos como estufas e fornos também são fundamentais. No caso da PaneBras, ela comercializa esses maquinários para os pontos de venda. “Não quero ser um problema, e sim uma solução”, diz o CEO.

Relacionamento e credibilidade

O portfólio de clientes, porém, não é composto apenas por pequenos negócios. Atualmente, os produtos da companhia estão disponíveis em grandes redes supermercadistas e, na estratégia de expansão, encontram-se em fase avançada as tratativas de entrar em um dos maiores grupos norte-americanos do setor, de alcance nacional. O nome desse grupo, bem como o faturamento atual da panificadora, são informações que Ferreira prefere não divulgar.

Ele revela, no entanto, que vem em uma curva de crescimento anual na casa de dois dígitos e que espera crescer 45% em 2025. O segredo desse sucesso, ensina, está no estabelecimento de relacionamentos sólidos, baseados em confiança e credibilidade com os clientes.

E o empresário já está planejando o passo seguinte. Sua equipe está estudando as normas técnicas que devem ser cumpridas para a homologação da exportação dos produtos da panificadora para a Europa. “A ideia é que, depois de um ano de atividade, a fábrica de Orlando possa começar a produzir também para exportar para lá”, conta. Depois de conquistar a América, o piloto Ferreira pretende decolar para mais uma viagem intercontinental. Alguém duvida que ele conseguirá?

 

Source:Diário do Comércio

 

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